03/06/2014
Mobilização, parcerias, contatos e audiência
pública são definidos para impedir decisão favorável sobre a prática
empresarial no STF
Depois das mobilizações, atos e vigílias que
impediram a entrada do projeto de lei 4.330/2007 na pauta do Congresso
Nacional, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) volta a se articular
juntamente com sua base, as demais centrais e movimentos sociais contra mais um
ataque do empresariado e do capital contra os direitos da classe trabalhadora.
Uma ação civil pública que retira a inconstitucionalidade da terceirização de
atividades fim e outros setores pode ser julgada ainda em junho, durante a Copa
do Mundo no Brasil, pelo Supremo Tribunal Federal. A atual legislação tem
como base a Súmula 331, única norma que regula a terceirização, já que não
existe marco regulatório para a prática empresarial.
Um posicionamento do ministro Luiz Fux, no
Supremo Tribunal Federal, no dia 16 de maio, deve acelerar a definição do STF
sobre terceirização. Depois de longo impasse, o debate deve ser provocado pela
apreciação do Recurso Extraordinário com Agravo, em que a Celulose Nipo
Brasileira (Cenibra) questiona decisão da Justiça do Trabalho que a condenou a
não terceirizar. Fux, que é relator da matéria (terceirização) na corte
superior, aproveitou o caso para cobrar a fixação de parâmetros para definir o
que é atividade fim.
Naquele dia, a maioria dos ministros do STF votou
pela repercussão geral do tema terceirização, no Plenário Virtual, reconhecendo
a relevância pública e social da matéria e decidindo que o supremo deve se
posicionar sobre o assunto. O Movimento sindical teme que os ministros tomem
uma decisão desfavorável aos trabalhadores e se mobiliza contra a
terceirização.
Em reunião realizada na tarde de quinta-feira (29),
no auditório da sede da CUT/MG, na Região Central de Belo Horizonte, o advogado
da Central, Luciano Pereira, e o secretário-geral e coordenador-geral do
Sindieletro/MG, Jairo Nogueira Filho, coordenaram o debate sobre mais uma
ameaça aos direitos da classe trabalhadora e, juntamente com dirigentes de
sindicatos da base CUTista e outras entidades sindicais, definiram uma
estratégia para tentar impedir que os cinco ministro do STF, indicados para o
julgamento, sejam favoráveis à ação do empresariado. Na próxima quinta-feira
(5), às 9 horas, será realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa
de Minas Gerais (ALMG) com a pauta terceirização e julgamento.
De acordo com Luciano Pereira, o recurso dos
patrões tem por trás um grande debate político, o inconformismo dos empresários
com as limitações da terceirização. “Tenho a impressão que os ministros
precisam saber mais sobre as consequências da ação contra os trabalhadores. Se
o STF for favorável, corre-se o risco de todas as decisões da Justiça sobre
terceirização irem bater às portas do Supremo. Precisamos de ações do mesmo
porta das que derrubaram o PL 4.330/2007.”
Segundo o advogado da CUT/MG, a Central acionou seu
Departamento Jurídico e estabeleceu parcerias com Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho e Procuradoria-Geral da República
e busca contatos com os ministros do STF, para tentar convencê-los a não
colocar a ação civil pública em pauta de forma apressada. Outra estratégia é
construir um plano de luta das centrais sindicais, como aconteceu contra o PL
4.330/2007 “O objetivo é impedir que este debate se dê de forma ocultada, sem a
participação da classe trabalhadora e da população, que serão afetadas direta e
indiretamente com a ampliação da terceirização. O Supremo vai decidir o destino
de milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Precisamos dar dimensão política
ao assunto”, disse Luciano Pereira.
Após intervenções de dirigentes sindicais, como o
secretário de Comunicação da CUT/MG, Neemias Rodrigues; Enildo Calixto
Louoback, do Sindicato dos Psicólogos; Marcelo Pereira, do Sindifes; Thiago
Ribeiro de Oliveira, do Sinttel, foram definidas as ações imediatas dos
sindicatos e entidades CUTistas em Minas Gerais. As mais urgentes são
multiplicar o envio de cartas ao Supremo Tribunal Federal com informações sobre
os efeitos da terceirização sobre os trabalhadores de cada categoria; a construção
de dossiês concisos das categorias para serem apresentados aos ministros e
sensibilizá-los com as mazelas da terceirização e a elaboração de um boletim,
com linguagem bem acessível, para distribuir à população.
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